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Referência em transplante musculoesquelético

Santa Casa de Montes Claros passa a ser um dos principais centros transplantadores de Minas Gerais

Além de ser referência em transplantes de rim, fígado e córnea, a Santa Casa de Montes Claros se consolida como um dos principais centros transplantadores de tecido musculoesquelético de Minas Gerais. Em dois anos de funcionamento, o serviço no hospital já atendeu 24 pacientes. “O serviço ainda é novo no norte de Minas. Nesses dois anos, apesar da situação de pandemia ter causado a suspensão de vários transplantes pelo país, conseguimos manter nosso serviço e realizar os transplantes”, explica o chefe do Serviço de Transplante de Tecido Musculoesquelético da Santa Casa, o ortopedista e traumatologista, especialista em cirurgia de joelho, Dr. Gustavo Rocha.

O médico ressalta que existem várias situações nas quais o procedimento pode ser utilizado. Entre elas estão alguns tipos de tratamento de tumores, realinhamento de membros, cirurgias multiligamentares, entre outros. Ainda de acordo com o especialista, através do transplante pode-se realizar cirurgias que anteriormente não eram feitas ou até mesmo melhorar técnicas de reconstrução. “Por exemplo, nas ressecções [remoção cirúrgica de parte de um tecido, estrutura ou órgão] tumorais benignas, anteriormente ressecava e colocava cimento. Com o advento do transplante é possível ressecar e enxertar osso transplantado”, esclarece.

Outro exemplo que ele cita é sobre as lesões multiligamentares, quando se rompe vários ligamentos do joelho . “O procedimento anterior é considerado uma cirurgia mais agressiva, pois precisa ser realizado em dois momentos distintos uma vez que a técnica utiliza tendões dos próprios pacientes, lesando aquela área do corpo para essa retirada dos tendões e, posteriormente, inserindo-os na nova área danificada do corpo. Sendo assim, atualmente utilizamos tendões do banco de tecidos”, ressalta o médico. Dr. Gustavo relata também a possibilidade do transplante ser utilizado nas cirurgias de revisão de prótese, ou seja, quando o paciente precisa trocar uma prótese e tem perda óssea. “Conseguimos fazer a reconstrução da articulação com a nova prótese usando o osso do banco de doadores”.

Um dos 24 pacientes beneficiados pelo Serviço de Transplante de Tecido Musculoesquelético da Santa Casa, foi Rafael Pereira. Em abril de 2019 ele sofreu um acidente automobilístico grave. Arremessado a uma altura de aproximadamente 10 metros, ele sofreu várias lesões na face e na perna. Após cinco meses do acidente, ele foi o primeiro paciente a passar por um transplante musculoesquelético no hospital. Já o último, o 24º transplante, foi feito na Instituição no último dia 22 de julho.

Recredenciamento

Além da Santa Casa de Montes Claros, em Minas Gerais existem outros três serviços credenciados pelo Ministério da Saúde como hospital transplantador, sendo dois hospitais em Belo Horizonte e um em Uberlândia. Na última semana, a Santa Casa de Montes Claros foi recredenciada junto ao Ministério da Saúde por mais quatro anos para a prestação do serviço. Para o superintendente da Santa Casa de Montes, Maurício Sérgio Sousa e Silva, a renovação da prestação do serviço consolida o hospital, mais uma vez, como referência em atendimento de qualidade não só no norte de Minas, mas em todo o estado. “Sempre buscamos ofertar aos pacientes as técnicas mais avançadas que existem na medicina, sem a necessidade das pessoas precisarem se deslocar para grandes centros urbanos, como Belo Horizonte, São Paulo, entre outros. Dessa forma, através das nossas equipes multiprofissionais, conseguimos oferecer mais agilidade no tratamento e, consequentemente, mais qualidade de vida”, destaca o gestor.

Banco de Tecidos Musculoesqueléticos

 

O Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério da Saúde, é responsável pela captação, processamento e distribuição de ossos, tendões e meniscos para utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia. Localizado no Rio de Janeiro, o Instituto possui equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia, 365 dias do ano.
Por Ana Paula Paixão
Fotos: Kamila Soares
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