A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) inicia na segunda-feira, 20, força-tarefa nos municípios de Brasília de Minas, Coração de Jesus, São João do Pacuí e Mirabela com o objetivo de monitorar a ocorrência de casos de febre amarela envolvendo primatas não humanos. O trabalho contará com participação de técnicos da Fundação Ezequiel Dia (Funed), da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e das Unidades Regionais de Saúde de Januária e Varginha.
Até o dia 2 de outubro, os técnicos, acompanhados por servidores de controle de endemias dos municípios, vão percorrer as zonas rurais coletando mosquitos que atuam como vetores de transmissão da febre amarela. Caso sejam encontrados macacos mortos nas comunidades rurais também serão coletadas amostras de vísceras que serão analisadas no laboratório da Funed, em Belo Horizonte, com o objetivo de verificar se os óbitos foram causados pela febre amarela.
Mosquitos e vísceras de macacos mortos serão armazenados em balões de nitrogênio e serão enviados à Funed. Além disso, os técnicos participantes da força-tarefa vão realizar reuniões com gestores municipais de saúde e com agentes de controle de endemias visando repassar orientações sobre a importância da investigação e notificação dos casos suspeitos de febre amarela tanto em macacos como em pessoas, bem como a necessidade de mobilização da população para auxílio nas ações de vigilância ambiental.
Nos últimos dias, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros e a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária intensificaram o repasse de orientações aos municípios quanto à vigilância epidemiológica, ambiental e de saúde contra a febre amarela. Exames laboratoriais realizados em agosto, pela Funed, constatou a ocorrência da morte de primatas não humanos nos municípios de Ubaí e Icaraí de Minas, vítimas da febre amarela.
Vísceras de guaribas encontrados mortos no município de Luislândia ainda estão em fase de análise. Também ocorreram epizootias no distrito de Serra das Araras, no município de Chapada Gaúcha, porém ainda sem confirmação da presença da doença.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a força-tarefa da SES-MG antecipa ações de prevenção e controle da febre amarela no Norte de Minas. Inicialmente, os trabalhos vão se concentrar nos municípios vizinhos às localidades onde foram encontrados macacos mortos.
“Com os resultados positivos para febre amarela, detectados pela Funed, verifica-se que o vírus da doença está circulando na região. Por isso, é importante que seja investigada a extensão do problema para que a SES-MG, juntamente com os municípios, possam tomar as medidas mais adequadas para conter o avanço da doença”, ressalta Agna Menezes.
“A partir de agora todos os municípios devem intensificar ao máximo as ações de vigilância sobre a febre amarela, principalmente nas localidades limítrofes de onde foram encontrados animais mortos. Devemos intensificar a Vigilância Ambiental, mobilizando a população urbana e rural, principalmente, para denunciar o adoecimento ou morte de qualquer macaco”, alerta a coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS.
Em Nota Técnica enviada aos município, a Superintendência Regional de Saúde destaca que os agentes de controle de endemias devem fazer o mais breve possível a investigação das ocorrências de mortes de primatas não humanos, por meio da coleta de amostras para exames laboratoriais, além da notificação compulsória e imediata dos casos por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Vacinação
Outra recomendação já repassada aos municípios é que os serviços de Atenção Primária à Saúde deverão fazer busca ativa das pessoas não vacinadas contra a febre amarela, de casa em casa, nas comunidades rurais e em pontos fixos no meio urbano. As secretarias municipais de saúde também deverão fazer levantamento da cobertura vacinal da população, com estratificação por categoria e, se possível, por zona urbana e rural.
Todas as pessoas que residem em áreas com recomendação da vacina e pessoas que vão viajar para essas áreas devem se imunizar. A vacina deve ser administrada pelo menos dez dias antes do deslocamento de uma pessoa para áreas de risco, principalmente em quem será vacinado pela primeira vez.
Para a vacinação contra a febre amarela as recomendações são as seguintes: criança com nove meses de vida, uma dose; crianças com quatro anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinado ou sem comprovante de vacinação, uma dose.
A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária.
A doença
A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra.
É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser prontamente comunicado, em até 24 horas após a suspeita inicial, aos gestores de saúde dos municípios. Em seguida os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos.
Todos os profissionais que atuam no Programa de Saúde da Família (PSF) e nos centros médicos devem ser orientados no sentido de identificar o mais rápido possível pacientes com sintomas de febre amarela, a fim de que o tratamento seja viabilizado com a máxima urgência.
“Também é preciso orientar a população quanto ao uso de repelentes contra mosquitos. Deixar claro que os macacos não são transmissores da febre amarela. Eles são o alerta de que o vírus da doença, que é transmitido por mosquitos, está circulando na região”, frisa a coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros.