Em 2021, instituição retomará projeto Natal Reciclado com ações que já estão valorizando e dando oportunidade de renda para famílias carentes
Com a iniciativa ‘Gente não é sucata’, o Instituto Laborearte alcançou o seu segundo certificado de Tecnologia Social, reconhecendo os trabalhos realizados em prol do social em Montes Claros, nas categorias Meio Ambiente e Renda. O projeto segue os moldes de ação que norteiam o Laborearte desde a sua criação, promovendo a geração de renda com desenvolvimento pessoal através da transformação do lixo em arte, com foco no protagonismo juvenil e das mulheres.
O certificado, de iniciativa da Fundação Banco do Brasil, é um dos mais importantes do país, sendo oferecido para entidades que se comprometem com a transformação social através de ações pontuais em prol da comunidade. Criado em 1998, o Laborearte já capacitou diversas pessoas, atuando ao lado de pessoas em situações de vulnerabilidade social, que vivem à margem e sem oportunidades de desenvolver seu potencial criativo e produtivo.
Josiane Cruz, de 36 anos, é mãe de cinco filhos. Muito ativa, ela busca sempre encontrar alternativas para manter o sustento da casa e ajudar toda a família. Durante muitos anos ela trabalhou como faxineira, mas as contas no fim do mês sempre apertavam. Foi quando ela descobriu que poderia aumentar a renda através do artesanato e reciclagem. Ela buscou o Laborearte para se capacitar e logo tornou-se uma grande parceira. “É muito gratificante. Primeiro pelo trabalho. Você pensar que está ajudando um catador, transformando o lixo em arte, trazendo benefício físico, mental, espiritual e financeiro, e em família, é muito bom”.
E a história dessa grande mãe vai além. O trabalho com o Laborearte ajudou a superar situações difíceis na família. Há cerca de oito meses, a filha mais velha de Josiane passou por um processo doloroso de depressão profunda. Então ela encontrou no projeto Natal Reciclado uma terapia e ajuda. Mãe e filhos ajudam na fabricação dos Fios da Esperança, feitos de pets recicláveis, com 6 metros cada, e que vão fazer parte das ações do Laborearte neste ano.
A iniciativa gera renda para catadores de recicláveis e para famílias que atuam na mão de obra, já que as pets são adquiridas por um preço melhor do que o mercado comum e a mão de obra para o artesanato é capacitada e valorizada. “Tive que parar minha vida e meu trabalho para ficar com minha filha. Pedi a Adriene alguns fios para poder ajudar ela financeiramente e emocionalmente. Pegamos os fios para fazer, de início minha filha e eu, e essa terapia ajudou ela. Hoje todos da família ajudam na produção”.
Natal 365 dias
As diversas iniciativas reverberam diretamente no coletivo, transformando significativamente os espaços urbanos e levando a arte através do desenvolvimento sustentável. Entre as ações que estão diretamente vinculadas ao ‘Gente não é sucata’, está a valorização dessa mão de obra, capacitada pelo Laborearte, na produção de peças dos projetos do próprio Instituto, como o Natal Reciclado, que em 2021 retorna com “nova roupagem e a força social de sempre”, como explica Adriene Tupinambá.
A expectativa é que a inauguração do trecho na Avenida São Judas, que receberá o Natal Semente deste ano, ocorra no dia 13 de outubro.
Como participar?
Em busca de ampliar o alcance das iniciativas, o Laborearte criou maneiras participativas para que mais pessoas possam integrar essa grande rede de sustentabilidade e promoção social/pessoal. Neste ano, empresas e pessoas físicas podem apadrinhar a produção realizada pelos alunos, através dos Fios da Esperança ou da Estrela de Natal, produtos sociais desenvolvidos pela instituição como metodologia de transformação criativa.
A ACI foi uma das primeiras entidades a apoiar a iniciativa, apadrinhando 50 Fios da Esperança. Deste total, os primeiros 10 fios serão produzidos por mães de alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Montes Claros. Nesta semana, a equipe Laborearte esteve na entidade para ajustar os detalhes para os trabalhos de geração de renda para as mães.
Ajude, participe dessa revolução
Empresas e pessoas físicas estão convidadas a conhecer mais sobre a iniciativa, apadrinhando famílias que estão produzindo os fios da esperança. Cada padrinho vai receber um certificado especial e um selo. Para facilitar a participação de todos, foi criado um PIX, com chave de acesso pelo e-mail: laborearte@gmail.com.
“A gente só se transforma sob alguns fatores e vivenciamos com a pandemia vários deles, onde todos precisaram se adequar de alguma forma. Está faltando agora um pouco de emoção, para causar uma transformação pessoal e social efetiva nesta retomada. Queremos contribuir para a ressignificação de momentos tão desafiadores que vivemos e ainda estamos vivendo, levando esperança com oportunidades, de forma inclusiva”, finaliza Adriene.