O mundo digital transformou as relações pessoais, de trabalho, e o modo como as pessoas estão passando a maior parte do seu dia, ou seja, em frente a uma tela de um computador, de uma TV ou de um celular. Se por um lado a tecnologia nos ajuda a alçar novos voos, a trazer a modernidade e o futuro para dentro de nossas casas, o mau uso dela por ter consequências. Por exemplo, é o que está acontecendo com as redes sociais, criando uma nova forma de convivência, mas deixando, muitas vezes, pessoas em completo estado de solidão.
“Essa solidão virtual passa por algumas fases. A primeira fase acontece porque as pessoas sentem-se frustradas com a realidade na qual vivem. Ela vem acompanhada de uma satisfação imediata, mas transitória, em uma realidade que é apenas virtual”, explica a psiquiatra Kelly Pereira Robis, professora da UFMG e da PUC/Minas.
De acordo com a psiquiatra, a segunda fase caracteriza-se pela autoavaliação negativa ao comparar-se excessivamente com os outros. As pessoas começam a apresentar certas dificuldades em lidar com essa emoção negativa, passando a ter comportamentos de evitação. “As redes sociais criaram um mundo ilusório, onde a realidade é sempre distorcida. Essa solidão virtual acontece porque as pessoas acabam considerando essa fantasia de ter milhares de ‘amigos’ virtuais em seus perfis, mas a realidade é que se sentem sozinhas, na maior parte do tempo”, ressalta.
Uma terceira etapa desse sentimento pode ser observada, que é a tentativa das pessoas em omitir seus defeitos. “Isso acontece muito nas redes sociais, pois ninguém ali precisa mostrar quem verdadeiramente é, sua real personalidade. Mas, isso causa problema porque as pessoas começam a se comparar com outras, criando até um círculo de raiva, podendo surgir os haters do mundo digital. A tendência é as pessoas criarem uma versão melhor de si, escondendo suas imperfeições”, avalia Kelly Robis.
Isolamento, evitação de relações sociais reais e rompimentos desses vínculos também são comportamentos observados na solidão virtual. Mas, o que fazer para tentar evitar esse sentimento? “
– Priorizar as relações reais;
– Criar dentro da própria casa “zonas offline” dentro da própria casa, que seriam locais em que nenhum membro da família pode usar as telas, como a mesa onde fazemos as refeições;
– Realizar atividades ao ar livre que permitam o lazer sem o uso de telas.
– Estabeleça um limite de tempo para o uso de telas, utilizando a tecnologia a nosso favor, por meio de aplicativos que nos avisam que já estamos muito tempo usando o celular.
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