Tragédia no Leblon: Suspeita de Golpe Milionário na Própria Mãe, Sabine Boghici, 49, Morre Após Cair de Prédio
No dia 14 de setembro de 2023, uma trágica ocorrência abalou o bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. Sabine Boghici, de 49 anos, veio a óbito após uma queda do quinto andar de um edifício. Apesar dos esforços dos bombeiros e do transporte ao hospital, seu falecimento foi confirmado.
Sabine estava sob liberdade condicional, enfrentando acusações de estelionato, roubo, extorsão, associação criminosa e cárcere privado, todas relacionadas a sua mãe, Geneviève Boghici, de 84 anos. Junto com outras seis pessoas, Sabine era suspeita de ter desviado obras de arte e joias, em um golpe estimado em cerca de R$ 720 milhões.
Curiosamente, Sabine residia com sua esposa, Rosa Stanesco, que a investigação apontou como cúmplice nos crimes. Rosa permanece detida, e uma carta de despedida supostamente escrita por Sabine e endereçada a Rosa foi encontrada no apartamento.
O caso foi registrado na 15ª DP (Gávea). A mãe de Sabine, que mora em Copacabana, seria informada da morte da filha na manhã desta sexta (15), de acordo com uma pessoa próxima. O enterro está previsto para este final de semana.
Sabine e Rosa eram casadas em comunhão universal de bens, conforme documentos que constam no processo. Ainda segundo os autos, Sabine fez, na época do casamento, um testamento no qual deixava toda a sua herança para o filho adotivo da companheira, uma criança de sete anos.
O dinheiro da família tem origem no trabalho do marchand Jean Boghici (1928-2015), pai de Sabine, um dos principais colecionadores de obras de arte do país. A herança deixada —cujas beneficiárias são Geneviève, Sabine e outra filha— é avaliada em R$ 1 bilhão.
As defesas dos suspeitos sempre negaram as acusações.
Em nota divulgada em março, quando Sabine deixou a prisão, o advogado Vanildo Júnior afirmou que “a acusação apresenta fundamentação frágil e amparada exclusivamente na palavra da vítima, em represália a contestação da sua inventariança e pelo fato da não aceitação do relacionamento homoafetivo da sua filha”.
Entenda o caso:
Conforme a denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro, os crimes de cárcere e desvio das obras teriam ocorrido entre janeiro de 2020 e abril de 2021.
Inicialmente, Geneviève teria sido convencida por supostas videntes a pagar por um tratamento espiritual que evitaria a morte de Sabine. Na ocasião, a idosa foi abordada na rua por uma das envolvidas dizendo que em breve a filha “iria morrer por influência de um espírito”, mas que ela poderia evitar esse destino.
Ela então teria realizado oito transferências que totalizaram R$ 5 milhões em duas semanas. Depois disso, passou a desconfiar que estaria sendo vítima de um golpe. À polícia ela disse que, ao se recusar a continuar com os depósitos, foi mantida em cárcere privado pela filha no apartamento da família, em Copacabana.
Geneviève disse ainda que a filha a obrigou a fazer faxina na cobertura, incluindo a limpeza das fezes de 20 cachorros que pertenceriam a Sabine. Em uma ocasião, um dos animais a mordeu, segundo ela.
A idosa afirmou também ter sido ameaçada com uma faca para fazer transferências para a conta do filho de Rosa, uma das supostas videntes. Somente um dos depósitos foi no valor de R$ 692 mil. No total, Geneviève apresentou à polícia comprovantes de transferências que totalizaram R$ 9 milhões+.
Ainda segundo ela, joias e obras de arte foram retiradas de sua residência com a justificativa de que seriam benzidas. Entre elas o quadro “Sol Poente” (1929), de Tarsila do Amaral, que fora encontrado pelos investigadores debaixo de uma cama. Somente as obras que estão atualmente expostas no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires) não foram recuperadas.
Sabine ganhou a liberdade em março deste ano, mas não poderia se aproximar da mãe. Geneviève tentou, em outra ação judicial, torná-la indigna da herança, mas desistiu do processo. E continuou a pagar o plano de saúde da filha.
(foto divulgação)