21 de novembro, 2024

Foto divulgação: Cerimônia de assinatura dos contratos para a produção do documentário “Papo de Doulas” em Santo André.

 

 

No cenário cinematográfico brasileiro, o ano de 2023 testemunhou o lançamento de duas obras, enquanto para 2024 há a promessa de mais um documentário em produção.

Produtora Ana Toseti assinando o contrato com a gestão pública..

Cineastas têm escolhido explorar o tema do parto humanizado, abordando suas nuances e desafios. Eduardo Chauvet, em sua jornada até El Salvador, investigou como o país reduziu a violência obstétrica, enquanto, mais localmente, diretores como Erick Monstavicius, em Mauá, e Ana Toseti, em Santo André, iniciaram projetos que revelam diferentes perspectivas sobre o parto humanizado.

Estes documentários, impulsionados por leis de incentivo à produção cinematográfica, como as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, revelam abordagens distintas, mas compartilham um tema central: o parto humanizado. Enquanto o debate sobre este assunto cresce entre profissionais de saúde, artistas e o público, as produções destacam altos índices de cesarianas desnecessárias e casos de violência obstétrica, trazendo à tona a necessidade de mudanças.

Entrevistando protagonistas como Larissa Leal, a série “Doulas” destaca a discrepância entre a realidade brasileira, onde mais da metade dos partos são cesarianas, e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que sugerem um máximo de 15%. Além disso, as produções recentes refletem uma mudança no cenário, com mais mulheres desempenhando papéis decisivos na criação dessas obras.

Ao abordar temas sensíveis, como violência obstétrica, os cineastas enfrentaram desafios significativos. A série “Doulas”, por exemplo, buscou equilibrar o respeito à intimidade das famílias retratadas, garantir embasamento científico atualizado e proporcionar uma visão positiva da experiência do parto.

A influência das leis de incentivo à produção cinematográfica, como as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, destaca-se como fundamental no fomento dessas produções. Ao garantir apoio financeiro e liberar as obras do tradicional modelo de bilheteria, essas leis permitiram que documentários, como “Doulas”, alcançassem um público mais amplo, inclusive oferecendo exibições gratuitas online.

Explorando a jornada de gestantes em busca de partos domiciliares, os documentários revelam descobertas surpreendentes, desafiando estereótipos e promovendo a inclusão. Ao evidenciar o suporte do Sistema Único de Saúde (SUS) ao parto humanizado em todo o país, os cineastas buscam conscientizar as mulheres sobre seus direitos, independentemente da região em que vivem.

Considerando o papel do cinema documental na promoção de conscientização e mudanças sociais, especialmente no contexto do parto humanizado, os cineastas destacam o poder das narrativas para gerar reflexão e transformação. A série “Doulas”, assim como outras produções, contribui para ampliar o debate público e oferecer uma visão mais abrangente sobre o parto humanizado no Brasil, proporcionando voz a realidades muitas vezes negligenciadas.

Entrevista Exclusiva: Cineasta Erick Monstavicius Revela Bastidores e Desafios na Produção do Documentário sobre Parto Humanizado

Entrevista Pingue-Pongue:

1) Quais foram os principais desafios enfrentados durante a produção do documentário, especialmente ao explorar temas sensíveis como a violência obstétrica?

Diretor: O primeiro desafio foi lidar com respeito diante da intimidade das famílias. Focamos em evidências científicas, trabalhando cuidadosamente para retratar o parto como uma experiência positiva. Em segundo lugar, tínhamos que estar sempre baseados nas evidências científicas mais atuais sobre parto humanizado e parto domiciliar pois existem muitos mitos e desinformação, mesmo dentro da classe médica. Queremos inspirar, e mostrar para outras mulheres, que não cabe a ninguém, a não ser a ela mesma, a escolha da forma que seu filho vem ao mundo, e, que, para fazer valer suas escolhas, ela precisa ter acesso a informação segura e científica.

2) Como o diretor enxerga a influência das leis de incentivo à produção cinematográfica, como as leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, no fomento de produções que abordam questões sociais e de saúde, como o parto humanizado?

Diretor: As leis direcionadas a minorias são positivas, dando voz a realidades pouco ouvidas. A série DOULAS foi possível graças a elas, permitindo exibições gratuitas e ampliando a compreensão do parto humanizado. Outro ponto positivo das leis de incentivo à cultura é que não dependemos da bilheteria para que a obra se pague. Isso possibilita uma exibição alternativa aos streamings por assinatura, como deixar a obra aberta no YouTube, como foi feito. A série DOULAS já foi assistida gratuitamente por milhares de pessoas, bastando acesso à internet, sem precisar ser assinante de nenhum serviço.

3) Ao acompanhar uma gestante em busca de um parto domiciliar, quais foram as descobertas mais surpreendentes ou impactantes para o diretor, e como percebe que essa narrativa pode ressoar com diferentes audiências, incluindo aquelas no Norte de Minas Gerais?

Diretor: Descobri o suporte do SUS ao parto humanizado em todo o Brasil. Não sou especialista na área da saúde, mas, como cidadão, conheço a Lei 878 de 2019, que trata do direito à toda gestante à assistência humanizada gratuita. Eu não tinha ideia desse fato antes de começar a pesquisa para a série e acredito que boa parte das pessoas também não saiba. A série contribui para que as mulheres conheçam seus direitos e lutem por eles, incluindo no Norte de Minas Gerais.

4) Diante da controvérsia entre profissionais de saúde sobre o parto humanizado, como o diretor acredita que seu documentário pode contribuir para o debate e eventualmente influenciar políticas públicas ou práticas médicas?

Diretor: Durante a produção da série tomamos muito cuidado para que apenas informações baseadas em evidências científicas atuais fossem divulgadas. Tudo o que você vê na série tem amplo lastro científico. Porém, tomamos conhecimento de médicos que se baseiam em práticas antigas de obstetrícia de 40 ou 50 anos atrás e isso é muito ruim.  A série é um convite à atualização para práticas baseadas em evidências  científicas, desafiando práticas antigas. O papel central das mulheres na equipe de gravação reflete a filosofia do parto humanizado.

5) Quais foram os aprendizados mais significativos do cineasta ao explorar a realidade de uma acompanhante de parto negra e como isso pode contribuir para uma maior representatividade e compreensão do tema?

Diretor: Existe um movimento negro dentro do parto humanizado justamente por ser um movimento iniciado dentro de famílias de classe média da região sudeste e que tinham condições de contratar uma equipe particular e, consequentemente, marcado por mulheres brancas. Desse modo, trazer uma acompanhante de parto negra para um documentário busca desafiar estereótipos e promover a inclusão. A representatividade negra no parto humanizado é desafiadora. A série contribuirá para essa discussão em um próximo documentário, “PAPO DE DOULAS”.

6) Como o diretor vê a importância de levar essas histórias para regiões como o Norte de Minas Gerais, considerando as particularidades culturais e de saúde desse contexto?

Diretor: Todas as mulheres têm direito a um parto humanizado, e a série DOULAS busca inspirar mulheres em todo o Brasil, inclusive no Norte de Minas Gerais, a conhecerem e lutarem por seus direitos.

7) Como o cineasta percebe o papel do cinema documental na promoção de conscientização e mudanças sociais, especialmente no contexto do parto humanizado?

Diretor: O cinema documental brasileiro, impulsionado por leis de incentivo à cultura, é uma ferramenta poderosa para gerar reflexão e transformação. A série DOULAS contribui para esse movimento, e a próxima temporada já está em produção graças ao apoio da Lei Paulo Gustavo. O tema do parto humanizado tem sido um assunto recorrente em produções de documentários no Brasil. Além da nossa série DOULAS, lançada em agosto de 2023, posso citar “Todos Nascemos” do veterano Eduardo Chauvet, lançado em setembro de 2023 e “Papo de Doulas”, uma produção da cineasta Ana Toseti, prevista para o segundo semestre de 2024. Eu vejo o cinema documental brasileiro nesse momento como um grande indutor ao debate público também fora do tema do parto humanizado, em boa parte como resultado das leis de incentivo à cultura, como Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc.

Finalmente, Monstavicius compartilhou a empolgante notícia de que estão acertando os últimos detalhes para a segunda temporada da série DOULAS. Ele ressaltou a conquista de terem ganhado um edital da Lei Paulo Gustavo, proporcionando recursos para dar continuidade a esse importante trabalho.
Cartaz da série “DOULAS”  
ONDE ASSISTIR
SÉRIE DOULAS, TEMPORADA 01:
www.youtube.com/@seriedoulas | doulas@cinematika.com.br
Erick Monstavicius (diretor) | (11) 9.8288.0770
TODOS NASCEMOS: NETFLIX
Eduardo Chauvet (diretor) | https://x.com/eduardochauvet
PAPO DE DOULAS: Em produção
Ana Toseti (produtora)

 

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