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Conheça o Projeto Corações Solidários, que ajuda centenas de famílias carentes, em Montes Claros

Voluntários na sede do projeto, com a presidente Cássia Borges - Foto: Reprodução | Instagram

O Projeto Corações Solidários é uma instituição sem fins lucrativos que nasceu em 2012 e atua na zona nordeste (Grande Vilage) da cidade de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais.

A presidente do projeto, Cássia Borges concedeu entrevista ao Portal Gerais News e falou para o jornalista Américo Borges sobre a atuação do Corações Solidários, um pouco da história, fatos marcantes, sonhos, objetivos e necessidades para manter a obra de pé.

A presidente Cássia Borges em uma ação do Corações Solidários – Foto: Reprodução | Instagram

Gerais News: Então, o projeto se chama Corações e Solidários, e esse projeto consiste em o que exatamente?

Cássia Borges: Eu te falo, quando você tem um projeto, eu sou muito de trabalhar com criança e adolescente, só que aqui para a gente ter uma estrutura, para a gente fazer esse trabalho a gente precisa ter uma sede e você sabe a dificuldade de ter uma sede. É caro e você não consegue, o município não te ajuda, então assim, não tem muita possibilidade de a gente fazer o trabalho. Mas, só que no estatuto reza a família como um todo, então assim, hoje a gente trabalha muito com famílias, principalmente que tem alguma comorbidade.

Gerais News: No caso, estatuto do projeto, vocês têm um estatuto?

Cássia Borges: Temos o estatuto, o CNPJ, tudo isso, já há seis anos, só que eu não consegui nada, não consegui nada até hoje.

Gerais News: Já receberam alguma ajuda pública, do município?

Cássia Borges: Tive problema um dia, aí foi a partir desse dia que eu falei, não mexo com o município mais, enquanto eu for presidente. A não ser o dia que vocês, eu falei com a diretoria, quando eu sair, e vocês quiserem tomar conta, se vocês quiserem mexer com o município. Aí, a partir desse dia do problema, nunca mais eu entrei em nenhuma demanda.

O menino que era secretário nosso, ele é presidente, ele está coordenando a Mesa Brasil agora. Aí, ele falou assim, pediu para mim que agora que a gente vai começar a mexer com a Mesa Brasil. Mas, eu espero que não tenha dificuldade, ele já conhece o projeto, ficou dois mandatos no projeto. Então, ele já conhece o sistema, acho que não vai ter muito problema. Mas, eu tive problema.

Gerais News: O projeto consiste em ajudar famílias carentes de qual região?

Cássia Borges: Aqui é a zona nordeste, se não me engano, da cidade, região do Grande Vilage. Então, nós atendemos famílias do Recanto das Águas, Vilage do Lago I e II. O Vilage, até que nós não atendemos muito, tem uma questão política lá. Então, assim, geralmente, a gente entra para atender, eu entro para socorrer algumas famílias, mas, de vez em quando, a gente tem um problema com políticos.

Gerais News: Vocês têm problema com um político?

Cássia Borges: Sim. Geralmente, é bem complicado. Mas, mesmo assim, eu enfrento, consigo atender, consigo atender famílias.

Gerais News: Mas, o problema em relação a quê?

Cássia Borges: São várias coisas que tem. Por exemplo, a gente vai lá atender uma família, aí ele posta nas redes sociais que foi ele que atendeu. Não é assim! Eu falo que sou até meio complicada nessa questão de rede social. É mais essa questão, mas mesmo assim, eu atendo muitas famílias dentro do Village.

Gerais News: Nessa região quais bairros exatamente são atendidos?

Cássia Borges: Village 1 e 2, Jaraguá 1 não, Jaraguá 2 sim.Mas, já teve família que atendi no Jaraguá 1. Jardim Primavera, Facela. Aí, vem aqui, do lado de lá, vem o Monte Sião 1, Monte Sião 2, Recanto das Águas, Conjunto Minas Gerais

Gerais News: São quantas famílias atendidas?

Cássia Borges: A região, né? Em torno de 25 mil famílias. Claro que nós não atendemos todas, não damos conta. Mas, a gente atende, aí, em média, mais ou menos 300 famílias, 200 por mês.

Gerais News: Como funciona esse trabalho?  Vocês fazem como?

Cássia Borges: Vivemos de doadores. Temos um grupo do WhatsApp há 11 anos, que é só de doadores. Lá colocamos nossas demandas.

Gerais News: Pode citar alguma situação de alguma família necessitada?

Cássia Borges: Eu tenho várias famílias assim. Vou te citar uma: uma mulher, ela teve câncer, recentemente. Fez o tratamento, a gente acompanhou. Aí a gente ajuda em medicação, em exames, né? O que for necessário e, claro, que se estiver no nosso alcance, né? A gente tenta fazer o possível e impossível. E, aí, ela fez o tratamento. Inclusive, ela até foi na perícia do INSS.

Chegou lá e falou, não estou curada. Porque, realmente, a médica já tinha falado com ela. Quando foi essa semana, ela foi fazer um novo exame. Geralmente, a pessoa tem uma probabilidade, durante cinco anos, de reincidir a doença. Ela descobriu que estava, porque deu no colo do outro, agora está debaixo.

E a mãe dela veio para ajudar cuidar dela. A mãe é de idade, né? Veio para ajudar, caiu, quebrou o fêmur. Então, ficou a mãe acamada e ela doente.

Logo que ela descobriu o câncer, o marido imediatamente largou. Que, geralmente, a gente tem muito isso. Que horror! É o que na maioria das coisas que eu vejo, porque o homem, tipo, não vou julgar porque a vida é muito difícil, mas… É, que é horror, hein? É a hora que mais precisa. Então, ele a deixou com três filhos.

Gerais News: Três filhos dele? É o pai?

Cássia Borges: Dele! Inclusive, não ajuda. Depois que eu fui e conversei com ele. Eu falei: ou você vai resolver, porque minha voz tinha que ser meio dura, né? Eu falei assim: ou você vai resolver, ou então a gente vai entrar na justiça. Só que a maneira que a gente vai entrar na justiça, porque vocês são casados, e você a abandonou. Além de você ter abandonado ela, abandonou os seus filhos. Você vai perder!

Aí ele passou a doar um pouquinho, dá R$ 100,00. O que dá pra fazer com isso? Olha a situação dessa mulher!

Gerais News: Como estão as condições de trabalho atualmente?

Tipo assim, até formar uma equipe de triagem, especializada, para a gente avaliar, levamos muita pancada na cabeça. Às vezes, chegava a pessoa e nem não tinha necessidade era mentira e falava que estava precisando. O primeiro ano foi bem complicado.

Aqui quero até dar um testemunho. Perdemos uma criança de 4 anos por causa de uma mentira. A mãe, no Natal, escreveu uma carta pedindo o exame para o menino dela, uma ressonância. Uma madrinha mandou uma cesta muito boa para fazer uma ceia e mandou o dinheiro do exame, um valor de R$ 600,00. Nós entregamos e tiramos as fotos com a mãe e enviamos para a madrinha. Falei com ela, vai fazer o exame. Passaram, mais ou menos, oito meses. O nome da criança é Olavo, mandaram me avisar que ele estava internado. Perguntei por quê? Ele deu um tumor na cabeça. A ressonância que deveria ter sido feita era exatamente na cabeça.

Eu falei, tem alguma coisa errada. Aí a mãe me confessou que não tinha feita a ressonância, pois pegou o dinheiro para pagar uma conta de água, quando o essencial era a vida do menino. Falei com ela, você sabe que agora estamos sujeitos a perder o Olavo, né? Oito dias depois o Olavo faleceu!

Gerais News: Então, a mãe do Olavo mentiu para vocês?

Hoje, nós fazemos assim: quando a família está precisando pagar conta, fazer exame, coisas que envolve dinheiro, não damos o dinheiro. Eu vou lá com a tesoureira e nós mesmo fazemos os pagamentos e devolvemos para a família. No caso da mãe do Olavo, acredito que ela não tinha noção da gravidade da doença dele, ela é uma pessoa muito simples. Mas, com esse caso a gente aprendeu muito. Então, é isso passamos saber qual é a demanda da família e agimos.

Ação do Projeto Corações Solidários junto a uma família carente – Foto: Reprodução | Instagram

O projeto Corações Solidários atua há vários anos em umas das regiões mais necessitadas da cidade de Montes Claros. A região nordeste da cidade é muito grande, são milhares de famílias, em sua maioria, pobres. Muitas dessas famílias têm crianças e pessoas com comorbidades. Outras são mantidas com pouquíssima renda oriunda de subempregos.

A presidente Cássia Borges deixa uma mensagem para os leitores do Portal Gerais News: “Eu quero dizer assim, costumo sempre falar que fazer o bem é a melhor coisa que tem!”

Se você se sentiu tocado pode procurar o Corações Solidários e fazer a sua doação.  Podem ser roupas alimentos, brinquedos ou qualquer ajuda para as famílias.

Contatos

(38) 9 8837-5293

Instagram: @scoracoes ou @borgesfcassia

 

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