A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), concluiu a apuração do homicídio de uma mulher, de 30 anos, natural de Montes Claros, região Norte do estado, assassinada pelo companheiro, de 35 anos, na cidade de Uruará no estado do Pará. Karine Gabriele Santos teria deixado a família e ido para Goiás e de lá para o Pará onde foi vítima de feminicídio.
As informações foram repassadas pelo delegado Regional Bruno Rezende e pelo representante da Polícia Civil no Pará, por meio de videoconferência.
De acordo com a Polícia Civil, a investigação teve início depois que a família da vítima registrou em Montes Claros o desaparecimento dela, no Estado do Pará. Conforme relato, a vítima que mantinha contato constante com a família por meio de ligações e áudio, passou a responder aos familiares apenas por mensagem de texto, depois desapareceu.
Ainda segundo informações da polícia, foi possível constatar por meio de técnicas avançadas de investigação e inteligência policial que Wandeilson de Assis Barbosa, companheiro da vítima, usou o aparelho celular dela por cerca de um mês após seu desaparecimento, supondo-se, portanto, que a vítima estava viva, mas informava localização que não coincidia com as informações prestadas por ela própria. Além disso, a vítima não recebia ligações de WhatsApp e não mandava mensagem de áudio, o que aumentou as suspeitas de que ela estivesse morta e seu aparelho celular sendo usado por um terceiro.
Através do compartilhamento de informações da Agência de Inteligência do 11 Departamento e a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Uruará, o corpo da vítima foi localizado em uma mata e o suspeito preso. Ele confessou.
De acordo com a Polícia Civil do Pará, com o deferimento de medidas cautelares judiciais, associadas a outras técnicas de apuração, foi possível refazer os últimos passos da vítima, havendo indícios que, de fato, o suspeito usava o telefone dela, o que culminou na prisão do suspeito e a localização do cadáver numa área de floresta a cerca de 40 km da sede de Uruará.
O delegado regional em Montes Claros, Bruno Rezende, pontuou que com as informações prestadas pela família da vítima a Polícia Civil realizou levantamentos qualificados de inteligências e descobriu que o último local em que a mulher havia estado era na cidade onde morava com o suspeito, Uruará, no Pará. “Dessa forma, acionamos os policiais civis da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do Pará, que nos direcionaram para a Delegacia de Uruará, onde iniciaram os trabalhos investigativos”, explicou o delegado.
Já o delegado da Polícia Civil de Uruará, Leandro Benício, afirmou que com os levantamentos realizados preliminarmente, o suspeito foi intimado e, inicialmente, negou qualquer envolvimento com o desaparecimento da vítima. Ele disse à polícia que ela teria deixado o Pará e retornado para Goiás ou Minas Gerais. O delegado ressaltou que foi possível confirmar que o telefone da vítima, que estava conectado à rede da casa vizinha a do suspeito, teria sido usado até um mês após o desaparecimento dela. “Com as provas coletadas, representamos por medidas cautelares em desfavor do suspeito. No dia 18 de agosto ele foi preso na oficina mecânica onde trabalhava. Quando confrontado sobre as provas coletadas nos autos, ele confessou”, explicou Leandro.
Motivação e confissão
Após confessar o crime, o suspeito disse que executou a namorada motivado por ciúmes e um desentendimento entre eles, na madrugada do dia 7 de julho, após ingerir bebida alcoólica. Ele teria esganado a mulher até ela desmaiar e, depois, arrastou o corpo dela para um local menos movimentado.
O suspeito disse, ainda, que colocou o corpo da mulher em uma mala, amarrou a mala e cobriu com lençóis. Depois, usando uma moto, ele transportou o corpo dela para uma mata, situada a 40 km da cidade onde moravam. Após levantamentos, os policiais encontraram a mala e o cadáver da vítima no local em que ele indicou.
No local foram encontrados ainda diversos pertences da vítima, incluindo um cartão de crédito, bem como, além da mala, cordas, liga, cinto, lençol e algumas roupas da vítima. A Polícia Científica foi acionada, realizou perícia no local e a remoção do cadáver para necropsia.
O suspeito permanece preso desde o dia 18 de julho no estado do Pará e está à disposição do Poder Judiciário.
Alerta
O chefe do 11º Departamento de Polícia Civil em Montes Claros, delegado-geral Jurandir Rodrigues, fez um alerta para a população sobre como agir quando um familiar desaparece. A autoridade explicou que não é necessário esperar 24 horas para registrar o boletim de ocorrência, o qual deve ser formalizado assim que se observar a quebra na rotina do ente. “Para o registro, é importante levar todas as informações disponíveis para que a investigação seja iniciada”, disse o delegado.
Ele disse, ainda, que em se tratando de casais que moram em outro estado é importante a interlocução familiar entre entes e amigos para que em caso de desaparecimento ele seja comunicado o quanto, viabilizando o início dos trabalhos investigativos através da interlocução entre as polícias de outros estados e até de outros países.
O delegado explicou também que em caso de reaparecimento da pessoa é necessário obrigatoriamente comunicar o encontro.
*Matéria editada às 16h:09min para acréscimo de informação