18 de dezembro, 2024

Professora teme que crianças fiquem ansiosas - Foto: Reprodução / Internet

A proibição do uso de celulares em sala de aula, recentemente aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, em Brasília, tem ganhado apoio de especialistas em educação. A medida, que já foi implementada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em novembro, segue agora para avaliação no Senado Federal.

A favor da proibição

Segundo Sandhra Cabral, professora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e idealizadora do portal Educar para Ser Grande, a medida é necessária devido à falta de educação digital adequada no Brasil. “Crianças e adultos não são ensinados sobre como usar a internet de forma correta, conhecendo seus benefícios e prejuízos”, afirmou. Entre os impactos negativos, ela aponta problemas de cognição, perda de foco e distração.

No entanto, Sandhra acredita que apenas a proibição não será suficiente para mudar completamente a vida e o foco de crianças e adolescentes. “No início, haverá ansiedade, pois eles estão habituados a utilizar os aparelhos constantemente”, explicou.

Desafios iniciais

Para minimizar esse impacto, a professora sugere a adoção de atividades pedagógicas interativas que estimulem a participação ativa dos alunos. “No primeiro dia letivo de 2025, as crianças e adolescentes estarão proibidos de usar o celular por várias horas. Professores deverão criar atividades envolventes para evitar que fiquem ansiosos ao apenas assistir às aulas”, analisou.

Sandhra também destaca a importância de implementar aulas de educação midiática dentro das disciplinas curriculares. Apesar de uma lei federal de 2023 orientar as escolas a adotarem esse tipo de ensino, pouco tem sido feito nesse sentido. “Sem educação midiática, continuaremos enfrentando problemas como fake news e desinformação, porque as crianças não sabem diferenciar fato de opinião”, alertou.

Benefícios para interação social

Andreia Schmidt, pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também apoia a proibição. Ela acredita que a escola será um espaço livre de telas, onde os estudantes poderão interagir melhor com colegas e professores.

“Aumentar a interação social é positivo, pois são as relações humanas que nos ensinam a lidar com diferenças e a nos regular emocionalmente”, disse Andreia. Para ela, a medida é uma oportunidade de reconectar crianças e adolescentes com as demandas do mundo real.

Uso flexível

Apesar de defender a proibição, Sandhra Cabral acredita que o uso pedagógico dos celulares deve ser flexibilizado. Essa abordagem pode reduzir a ansiedade dos estudantes e mostrar que é possível equilibrar tecnologia e aprendizado. “Isso ensina o manejo consciente do celular enquanto promove o aprendizado”, concluiu.

A medida segue em discussão no Senado, mas os especialistas concordam: além da proibição, é essencial educar para que a relação das novas gerações com a tecnologia seja mais consciente e produtiva.

*Com informações de Agência Brasil

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