O prefeito de Janaúba, Zé Aparecido, eleito com mais de 90% dos votos, protagonizou uma cena que deixou a política local em ebulição durante a cerimônia de posse dos novos eleitos. Em resposta ao discurso do jovem vereador Samuel Caires (PL), que reafirmou seu compromisso com pautas coletivas e declarou com firmeza que “não tem preço e não tem valor”, Zé Aparecido disparou: “Aqui a gente não compra vereador. A gente compra é boi e vaca.” A frase, dita com tom agressivo, não apenas constrangeu o vereador, mas também causou desconforto entre lideranças presentes, que esperavam mais maturidade de uma figura que recentemente celebrou a vida após uma delicada cirurgia cardíaca.
O comentário do prefeito, conhecido por sua trajetória política e recente aliança estratégica com o deputado federal Paulo Guedes (PT), foi considerado um ataque desnecessário e de mau gosto, especialmente vindo de alguém que pleiteia a presidência do Cimams (Consórcio Intermunicipal da Área Mineira da Sudene). Prefeitos e representantes de municípios vizinhos criticaram a postura do gestor, destacando que o cargo exige respeito, diálogo e equilíbrio, valores que não foram demonstrados naquele momento. A atitude de Zé Aparecido, que alegadamente buscava impor força política, pode prejudicar sua imagem em um cenário estadual que demanda mais empatia e habilidade de negociação.
Já o vereador Samuel Caires, embora jovem e inexperiente, mostrou um comportamento digno e resiliente diante do ataque. Ele representa um eleitorado conservador e cristão, inspirado em figuras como o deputado federal Nicolas Ferreira, mas ainda está aprendendo a navegar nas águas turbulentas da política. Sua postura independente e promessas de transparência, mesmo que desagradem a interesses políticos, são qualidades que podem ganhar força com o tempo. O episódio levanta um alerta importante: um líder que busca ocupar espaços maiores, como Zé Aparecido, precisa demonstrar respeito a todos os atores políticos, independentemente de alianças ou divergências, pois ninguém está acima do bem e do mal. Se essa é a postura adotada diante de um jovem vereador, como seria sua conduta em uma posição de liderança regional?
Zé Aparecido, que recentemente declarou ter tido uma “segunda vida” após sua cirurgia, parece não ter absorvido a lição de humildade que situações como essa costumam ensinar. O prefeito, que poderia ter usado o momento para inspirar e unir, preferiu recorrer à agressividade e à tentativa de humilhar um oponente menor. Esse comportamento, mais do que desnecessário, evidencia que o poder, quando mal utilizado, pode enfraquecer a confiança que a população deposita em seus representantes. O episódio serve como um chamado para que lideranças reflitam sobre o verdadeiro propósito de suas posições: servir ao povo, e não a si mesmas.