8 de janeiro, 2025

A investigação revelou a presença de 175 proteínas relacionadas ao isolamento e 26 especificamente à solidão, com algumas intersecções entre esses conjuntos - Foto: depositphotos / Divulgação

Um estudo inovador conduzido por pesquisadores da China e do Reino Unido revelou que a solidão pode representar um risco significativo para a saúde, aumentando as chances de doenças cardiovasculares, infecções e morte precoce. Publicada em janeiro de 2025, a pesquisa aponta que pessoas que vivem isoladas possuem maior propensão a desenvolver problemas como ataque cardíaco, derrame e complicações relacionadas ao sistema imunológico.

Descoberta científica

O estudo foi realizado por cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e da Fudan University, na China. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 42 mil adultos com idades entre 40 e 69 anos para identificar alterações bioquímicas associadas ao isolamento social.

A investigação revelou a presença de 175 proteínas relacionadas ao isolamento e 26 especificamente à solidão, com algumas intersecções entre esses conjuntos. Essas substâncias desempenham um papel crucial na resposta imunológica do organismo, sendo produzidas durante processos inflamatórios e infecções virais. Os cientistas também identificaram que algumas dessas proteínas estão diretamente associadas a doenças como diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral (AVC) e outros problemas cardiovasculares.

A conexão entre solidão e saúde

Segundo o Dr. Chun Shen, do Departamento de Neurociências Clínicas da Universidade de Cambridge, a pesquisa fornece evidências biológicas para um fenômeno amplamente observado.

“Sabemos que o isolamento social e a solidão estão ligados a problemas de saúde, mas nunca compreendemos completamente o motivo. Nosso trabalho destacou uma série de proteínas que parecem desempenhar um papel fundamental nesta relação, com níveis de algumas proteínas em particular aumentando como consequência direta da solidão”, explicou o cientista.

A professora Barbara Sahakian, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, reforçou a importância do convívio social para a saúde do sistema imunológico.

“Mais e mais pessoas de todas as idades dizem que se sentem solitárias. É por isso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu o isolamento social e a solidão como uma ‘preocupação de saúde pública global’. Precisamos encontrar formas de enfrentar este problema crescente e manter as pessoas conectadas para auxiliá-las a permanecerem saudáveis”, destacou a especialista.

Um alerta para a sociedade

Os resultados do estudo reforçam a necessidade de medidas que incentivem a interação social e promovam o bem-estar psicológico. O isolamento, especialmente em um mundo cada vez mais digitalizado, pode trazer impactos significativos para a saúde física e mental da população.

Os cientistas ressaltam que estratégias de intervenção, como programas de suporte social e incentivo às interações presenciais, podem ajudar a reduzir os riscos associados à solidão. Com a crescente preocupação da OMS sobre o tema, espera-se que futuras políticas públicas sejam voltadas para minimizar os impactos negativos do isolamento na saúde da população mundial.

*Com informações de O Tempo

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