A cada ano, o empreendedorismo feminino se consolida como uma força crescente em Minas Gerais. A terceira edição da pesquisa Mulheres Empreendedoras, realizada pelo Sebrae Minas, revela que mais de 80% das mulheres empreendedoras do estado consideram o seu negócio próprio como a principal fonte de renda. Os dados são um reflexo da luta por autonomia e independência financeira, pilares fundamentais para muitas dessas mulheres.
De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 10 e 17 de fevereiro de 2025, com 549 entrevistadas, quase metade das empreendedoras mineiras possui faturamento superior a R$ 5 mil por mês. Além disso, três em cada dez empreendedoras geram empregos, o que demonstra a importância do setor para a economia local. A pesquisa também revela que a maioria das respondentes (55%) comanda microempresas ou empresas de pequeno porte.
A faixa etária predominante entre as empreendedoras é de 31 a 50 anos (60% das entrevistadas). A grande maioria (93%) começou a empreender por conta própria, com a maior parte dos negócios (41%) com um perfil consolidado, tendo entre três e cinco anos de mercado. Esses dados indicam que as empreendedoras de Minas estão além da fase inicial de sobrevivência, buscando crescimento e sustentabilidade.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca que a pesquisa reforça a presença massiva de mulheres maduras no empreendedorismo. “Elas têm seus negócios como uma fonte vital de autonomia e independência financeira”, afirma. Apesar dos desafios enfrentados, como a falta de conhecimento em gestão, apontada por mais de 60% das entrevistadas, e a dificuldade de conciliar trabalho e vida pessoal (46%), as mulheres seguem resilientes, mostrando inovação e adaptação.
Digitalização e inovação no empreendedorismo feminino
A pesquisa também revela que a digitalização é uma realidade para a maioria das empreendedoras. Cerca de 73% das entrevistadas afirmam que utilizam canais digitais, como e-commerce e redes sociais, para vender seus produtos e serviços. A combinação de loja física com canais digitais é uma estratégia adotada por três em cada dez empreendedoras, evidenciando como as mulheres estão acompanhando as tendências do mercado e as mudanças no comportamento do consumidor.
Entre os principais desafios para empreender, a pesquisa apontou a falta de conhecimento em gestão (62%), a dificuldade em conciliar a vida pessoal com a gestão do negócio (46%) e o acesso ao crédito (41%). O acesso a cursos e mentorias também é limitado, já que 58% das entrevistadas não participaram de nenhuma capacitação específica para empreendedores.
Casos de sucesso: o exemplo de Tatiane Gonçalves Cruz
Tatiane Gonçalves Cruz, proprietária do Centro de Formação de Condutores Via Única, em Montes Claros, é um exemplo de mulher que superou dificuldades e hoje é dona do seu próprio negócio. Depois de lecionar por 16 anos, Tatiane decidiu mudar de ramo e começou a atuar na autoescola em 2013. Em 2022, tornou-se a única proprietária do empreendimento, que emprega 25 colaboradores. Para ela, liderar é um desafio, mas ela tem investido no aprimoramento da gestão e do marketing digital, ferramentas essenciais para o sucesso da empresa.
“Eu mesma faço as divulgações nas redes sociais. Acredito que, como dona, minha presença gera mais credibilidade para os clientes”, conta Tatiane, que também se destaca pelo uso das redes digitais para fortalecer o seu negócio.

O acesso a crédito e os desafios da maternidade
A pesquisa também aponta que 92% das empreendedoras utilizam recursos próprios para financiar seus negócios, e apenas 40% buscaram crédito, enfrentando dificuldades como a exigência de garantias excessivas e a falta de informação sobre linhas de financiamento.
A falta de apoio à maternidade é outro desafio significativo. A pesquisa mostrou que 72% das empreendedoras têm filhos e 52% não contam com a participação da família nos negócios. Tábata Moreira, analista do Sebrae Minas, ressalta a importância de políticas públicas que incentivem o apoio à mulher na maternidade, como o aumento de vagas em creches e a criação de redes de apoio ao empreendedorismo feminino.
O cenário do empreendedorismo feminino em Minas Gerais
Minas Gerais ocupa a segunda posição no Brasil, com 40,9% dos pequenos negócios liderados por mulheres, atrás apenas de São Paulo. Em números absolutos, são 897.481 empreendimentos femininos no estado. O setor de serviços lidera o ranking, com mais de 450 mil empresas sob liderança feminina, seguido pelo comércio, com 274 mil.
O levantamento do Sebrae Minas também revela que 39% das empreendedoras mineiras promovem iniciativas de equidade de gênero, como parcerias e incentivo à capacitação de outras mulheres. Essas ações fortalecem o protagonismo feminino e contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo no estado.
Conclusão
A pesquisa Mulheres Empreendedoras do Sebrae Minas reforça a importância do empreendedorismo para a autonomia financeira das mulheres e destaca a necessidade de políticas públicas e iniciativas privadas que incentivem o crescimento e a sustentabilidade dos negócios liderados por mulheres. Com resiliência, inovação e a força de suas redes, as empreendedoras mineiras seguem escrevendo sua história no cenário econômico do estado e do Brasil.