
Foto: Corpo de Bombeiros Militar
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) instaurou uma investigação para apurar as circunstâncias envolvendo o grave acidente registrado na BR-251, em Grão Mogol, no Norte de Minas, na noite da última terça-feira (13). A colisão entre uma van e uma carreta resultou na morte de nove pessoas e deixou outras 12 feridas — 10 delas precisaram ser hospitalizadas.
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, os ocupantes da van retornavam de atividades sazonais na colheita de frutas e hortaliças no Triângulo Mineiro, com destino ao Nordeste do país. Diante desse cenário, o superintendente regional do MTE em Minas Gerais, Carlos Calazans, afirmou que o órgão irá apurar se os trabalhadores estavam em situação regular e se seus direitos trabalhistas estavam sendo respeitados.
“Estamos investigando aspectos como a formalização do vínculo empregatício, a existência de garantias como o seguro-desemprego e a responsabilidade dos empregadores por eventuais indenizações às famílias das vítimas”, explicou Calazans. Equipes do Ministério já atuam em Montes Claros e em municípios do Triângulo Mineiro para coletar informações.
Outro ponto que chamou atenção foi o meio de transporte utilizado. A van transportava 19 pessoas em um trajeto de longa distância, entre regiões distintas do país, sem a devida autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para transporte interestadual de passageiros. “Queremos entender se esse transporte foi articulado por empregadores ou por empresas que operam de forma irregular”, completou o superintendente.
Perícia aponta invasão de pista pela carreta
As investigações da Polícia Civil também avançam. Segundo o perito criminal Hugo Leonardo, a carreta envolvida no acidente teria invadido a contramão de direção, o que foi considerado um fator determinante para a tragédia. A constatação foi feita com base em vestígios como marcas de frenagem, arrasto e sulcos deixados pelos veículos. Um laudo técnico será concluído em até 30 dias.
A transportadora OPR Logística, responsável pela carreta, divulgou nota lamentando o ocorrido e afirmou estar colaborando integralmente com as autoridades. A empresa, que atua no setor há 28 anos, ressaltou que a segurança é um valor essencial em suas operações.
Condições climáticas adversas, como chuva e neblina, também são apontadas como fatores que podem ter contribuído para o acidente. A velocidade dos veículos será analisada com base nos dados do tacógrafo da carreta.
Vítimas e desdobramentos
Ao todo, 21 pessoas estavam envolvidas no acidente: 19 na van e duas na carreta. A colisão ocorreu por volta das 21h15, no km 441,75 da rodovia. Nove pessoas morreram no local, incluindo uma criança de 4 anos. Os demais feridos foram encaminhados para hospitais em Francisco Sá e Montes Claros.
O motorista da van está internado em estado grave. Já o condutor da carreta foi ouvido pela PRF e liberado em seguida. Ambos os ocupantes do caminhão passaram pelo teste do bafômetro, que deu resultado negativo.
A Polícia Civil informou que um inquérito foi aberto na Delegacia de Grão Mogol e deverá ser concluído em até 30 dias. “Nosso objetivo é identificar com clareza quem foi o responsável por esse trágico acidente”, afirmou o delegado Jurandir Rodrigues, chefe do 11º Departamento da PCMG em Montes Claros.
Identificação das vítimas
As vítimas fatais foram identificadas com base em exames de reconhecimento facial e coleta de digitais. Os nomes não foram divulgados, mas as informações iniciais indicam que eram oriundas de diversas cidades do Nordeste e do Triângulo Mineiro. Confira os perfis divulgados:
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Mulher, 22 anos – Brejo Santo (CE)
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Mulher, 52 anos – Barro (CE)
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Homem, 48 anos – São José do Belmonte (PE)
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Homem, 40 anos – Manaíra (PB)
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Homem, 34 anos – Trindade (PE)
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Criança, 4 anos – Uberlândia (MG)
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Homem, 29 anos – Crato (CE)
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Homem, 33 anos – Trindade (PE)
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Homem, 70 anos – Abaiara (CE)
A médica-legista Aline Brito informou que o estado dos corpos permitiu a identificação por métodos convencionais, sem a necessidade de exames complexos.
Van sem autorização
A ANTT confirmou que a van não possuía permissão para realizar transporte interestadual. Em nota, a agência declarou que acompanha o caso e colabora com as investigações, fornecendo as informações necessárias aos órgãos de segurança pública. O proprietário do veículo ainda não foi localizado para prestar esclarecimentos.
Segundo a PRF, os passageiros embarcaram em cidades como Prata, Araguari e Catalão, na divisa entre Minas e Goiás. O destino final seria o estado do Ceará.