
Na manhã desta quinta-feira (12), a Câmara Municipal de Montes Claros sediou uma audiência pública que reuniu autoridades, representantes da sociedade civil e moradores para discutir a qualidade dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário prestados pela Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais).
A iniciativa partiu do vereador Wilton Dias (Avante), que conduziu o debate com duras críticas à atuação da empresa. Segundo ele, o contrato firmado entre a Copasa e o município tem se mostrado prejudicial à população. “Estamos lidando com água muitas vezes imprópria para o consumo, um contrato que deveria ser de serviço, mas que virou contrato de exploração. A Copasa cobra caro por um serviço que não entrega”, afirmou, cobrando encaminhamentos concretos e prazos para soluções. Ele também lembrou que o contrato tem validade de 30 anos, dos quais oito já se passaram sem melhorias significativas.
Durante a audiência, o presidente do Instituto de Desenvolvimento Urbano e Sustentável, Paulo César Mota Santiago Filho, destacou os entraves enfrentados por empreendedores, principalmente quanto à lentidão da Copasa na aceitação das obras de saneamento concluídas.
A diretora de qualidade da Amasbe (Agência Municipal de Água, Saneamento Básico e Energia), Lorena Maria Guimarães, colocou a instituição à disposição da população, tanto na zona urbana quanto rural. Ela reforçou a importância de manter o diálogo aberto para encaminhar soluções efetivas.
O promotor de Justiça do Meio Ambiente, Guilherme Roedel, alertou para os impactos da precariedade dos serviços na saúde pública. “Saneamento é sinônimo de qualidade de vida. A realidade é que, em vários bairros, o serviço ainda é deficiente, e isso se reflete até mesmo em índices como a mortalidade infantil. Precisamos de dados mais claros e de iniciativas legislativas que garantam atendimento universal”, afirmou.
Representando a Copasa, o gerente regional Rômulo de Souza Lima apresentou números que apontam ampla cobertura dos serviços na cidade: 99,92% para o abastecimento de água e 99,52% para o esgotamento sanitário. Ele informou ainda que em 2024 a companhia investiu cerca de R$ 34 milhões no município e prevê mais R$ 2,8 milhões em investimentos para 2025. “Estamos abertos ao diálogo. É preciso construir soluções em conjunto”, disse.
Apesar dos dados apresentados, moradores relataram uma realidade diferente, com água de má qualidade, contas altas e a falta de ligação de esgoto — exigência legal desde 2022. As queixas foram reforçadas pelos vereadores presentes, que exigiram providências imediatas e mais respeito à população.