A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (17/6) a Operação Cargas D’Água, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em roubos de cargas transportadas por caminhões dos Correios e do Mercado Livre. Os crimes ocorreram, principalmente, na BR-251, entre os Kms 202 e 365, no Norte de Minas Gerais.
A ofensiva contou com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão, além de sete intimações judiciais, nas cidades de Cachoeira de Pajeú/MG, Santa Cruz de Salinas/MG e Barra do Choça/BA. Cerca de 40 policiais federais participaram da ação, que também teve o apoio da Polícia Rodoviária Federal.
As investigações começaram em 2023 e se intensificaram após uma série de roubos registrados em 2024 na BR-251. Em pelo menos três casos, foi possível rastrear o destino das cargas roubadas até um ponto específico da rodovia. Posteriormente, os agentes identificaram que os produtos subtraídos estariam sendo levados ao distrito de Águas Altas, na zona rural de Cachoeira de Pajeú. O nome da operação faz alusão ao vilarejo, apontado como base logística do grupo criminoso.
Segundo a PF, o grupo era altamente estruturado, com divisão clara de tarefas, uso de planejamento detalhado e técnicas voltadas a dificultar a ação policial. Os criminosos agiam com uso de balaclavas, luvas e blusas compridas para ocultar tatuagens, além de lanternas de alta potência, rádios comunicadores e até artefatos incendiários para interditar a via e forçar a parada dos veículos.
Em uma das ações, gravada em vídeo, os assaltantes incendiaram um trecho da BR, desorientaram o motorista com luz intensa e desviaram a carreta para uma estrada vicinal, onde selecionaram parte da carga — indicando conhecimento prévio sobre os produtos transportados, entre eles eletrônicos e smartphones de alto valor.
As investigações também apontaram possível participação de motoristas de carga. Um dos alvos chegou a utilizar um item subtraído poucos dias após declarar-se vítima de assalto, o que levanta suspeitas de colaboração interna com a quadrilha.
A organização utilizava um arsenal variado, com pistolas, revólveres calibre .38, espingardas calibre 12, e uma frota diversificada que incluía carros de passeio, caminhonetes, vans, furgões e guinchos — o que aumentava sua mobilidade e capacidade de fuga.
Todo o material apreendido será submetido à perícia, e as investigações prosseguirão com a análise dos dados coletados. Os investigados poderão responder por associação criminosa, roubo qualificado e receptação, crimes cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.