Antropólogo, historiador, sociólogo, escritor, senador e ministro da Educação. Essa é uma parte do currículo de Darcy Ribeiro, um dos mais notáveis filhos de Montes Claros e que, em 2022, completaria 100 anos (ele faleceu em 1997, aos 74 anos). Alvo de homenagens realizadas em todo o país por ocasião de seu aniversário de nascimento, chegou a vez de Darcy ser celebrado também em sua cidade natal, que tanto influenciou sua vida e pensamento.
A homenagem será nesta sexta, 9 de dezembro, a partir das 20 horas, na Praça da Matriz, centro histórico de Montes Claros. A Orquestra Sinfônica de Montes Claros fará um concerto celebrando a vida de Darcy, com mais de 40 músicos e regência de Maria Lúcia Avelar. O evento será gratuito e contará ainda com circuito gastronômico com comidas regionais e um telão de led que vai apresentar fotos e frases ilustrando o pensamento do intelectual.
Para Júnia Rebello, diretora de Projetos e Eventos da Secretaria Municipal de Cultura e organizadora do concerto, a homenagem é, mais do que importante, necessária. “Darcy foi uma figura nacional, que trouxe coisas inovadoras ao pensamento brasileiro”, conclui.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE DARCY
1947-1956 – Trabalha com índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia, com Rondon, no Serviço de Proteção ao Índio.
1950 – Publica o livro “Religião e mitologia kadiwéu”.
1953 – Participa da fundação do Museu do Índio, Rio de Janeiro.
1955-1956 – Atua como professor de etnologia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro.
1957 – Publica os livros “Arte plumária dos índios kaapor” e “Uirá sai à procura de Deus” (obra de ficção baseada na vida indígena).
1959 – É encarregado pelo presidente Juscelino Kubitschek de planejar a Universidade de Brasília.
1961 – Exerce o cargo de primeiro Reitor da Universidade de Brasília.
1962-1963 – Atua como Ministro da Educação do Gabinete parlamentarista presidido por Hermes Lima (presidente da República: Jânio Quadros)
1963-1964 – Atua como Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, com João Goulart.
1964 – É exilado no Uruguai e participa da reforma e da fundação de várias universidades.
1967 – Publica o livro “La universidad necesaria”.
1968 – Regressa ao Brasil. Publica os livros “O processo civilizatório” e “La Universidad Latinoamericana”.
1969 – Publica o livro “As américas e a civilização”. É preso e absolvido. Apesar disso, deve deixar o país. Novo exílio. Publica o livro “Os brasileiros: 1. Teoria do Brasil”.
1970 – Publica o livro “Configurações histórico-culturais dos povos americanos”.
1971 – Exilado no Chile, atua como professor da Universidad de Chile. Assessora o presidente Salvador Allende. Publica o livro “Os dilemas da América Latina”.
1972 – Exilado no Peru, assessora o presidente Velasco Alvarado. Publica, sob a forma de livro, “Université des sciences humaines d’Alger”.
1974 – Constata em Paris um câncer de pulmão. Obtém licença do governo militar para vir ao Brasil, a fim de fazer a cirurgia. Publica o livro “La universidad peruana”.
1976 – Publica o livro “Maíra” (ficção baseada na pesquisa antropológica, em convívio com os índios). Retorna do exílio. Fixa residência no Rio de Janeiro.
1979 – Anistiado, torna-se professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.
1981 – Publica o livro “O mulo”.
1982 – Publica o livro “Utopia selvagem” (também obra de ficção baseada na pesquisa antropológica).
1983-1986 – Atua como Vice-governador, Secretário de Cultura e coordenador do Projeto Especial de Educação (que abrangia os Cieps).
1986 – Publica “O livro dos Cieps”. É reintegrado como Pesquisador Sênior do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
1991 – Assume como Senador e fica na função até 1997.
1991-1992 – Secretário Extraordinário de Projetos Especiais do Estado do Rio de Janeiro: novamente os Cieps.
1992 – Envolve-se com o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases – LDB (nº 67/92). É eleito para a Cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras, que tem como Patrono Fagundes Varela.
1993 – É recebido na Academia Brasileira de Letras por Cândido Mendes
1994 – Funda a Universidade Estadual do Norte Fluminense.
1995 – Relata no Senado o Projeto da LDB. Publica o livro “O povo brasileiro”.
1996 – Envolve-se com os projetos da Universidade Aberta do Brasil e da Escola Normal Superior e com a organização da Fundação Darcy Ribeiro.
1997 – Morre em Brasília, no dia 17 de fevereiro. Seu corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.