A política de Janaúba, no Norte de Minas, ganha novos contornos às vésperas do Natal. Nesta terça-feira (24), um grupo de nove vereadores protocolou a chapa para a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, consolidando o nome do Sargento Almir (PSD) para a presidência do Legislativo no biênio 2025/2026. A composição, que tem ainda Bruno de Cabedal (PSB) como vice-presidente, Augusto Wagner (PT) como primeiro secretário e Valdeir do Leilão (Republicanos) como segundo secretário, simboliza um marco: a independência da Casa frente ao Executivo municipal.
Com essa articulação, o atual prefeito, Zé Aparecido (PSB), enfrenta um revés estratégico. Sem maioria suficiente entre os vereadores para emplacar um aliado como presidente da Câmara, o chefe do Executivo terá que lidar com um Legislativo mais autônomo e crítico. Esse movimento coloca fim à tradição política local de alinhamento automático entre os dois poderes.
Bloco unido por Janaúba
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, os nove parlamentares que compõem o grupo aparecem reafirmando publicamente o compromisso com a chapa liderada por Sargento Almir. A união é interpretada como uma resposta às tentativas de interferência política no processo de escolha da Mesa Diretora.
“Estamos aqui, unidos, para garantir que a Câmara de Janaúba seja uma Casa independente, que legisle em favor do povo e não como extensão do Executivo”, declarou um dos vereadores do grupo.
O Sargento Almir, que encabeça a chapa, adotou um tom conciliador, mas firme, ao reforçar os valores democráticos que guiarão sua gestão. “Nosso compromisso é com a transparência e com o desenvolvimento da cidade. Queremos construir um Legislativo participativo, onde as decisões sejam tomadas com responsabilidade e diálogo, sempre em benefício da população”, afirmou.
O fim do ‘amém automático’
Historicamente, todo prefeito almeja ter como presidente da Câmara um vereador da base aliada, que facilite a aprovação de projetos e minimize questionamentos. No entanto, em Janaúba, o jogo político mudou. Com o atual cenário, a Câmara se prepara para atuar de forma independente, analisando propostas com mais critério e priorizando o que for realmente relevante para a cidade, sem “carimbar” automaticamente as vontades do Executivo.
A chapa, formada por representantes de diferentes siglas e visões políticas, sinaliza uma nova dinâmica no relacionamento entre os poderes. Essa pluralidade pode trazer maior equilíbrio às discussões, garantindo que projetos importantes sejam aprovados e eventuais excessos do Executivo sejam barrados.
Posse e eleição
A eleição da Mesa Diretora será realizada no dia 1º de janeiro, durante a cerimônia de posse dos vereadores eleitos. Enquanto isso, os bastidores da política local fervem com as especulações sobre como será o primeiro embate entre o novo presidente da Câmara e o prefeito.
Se o prefeito Zé Aparecido tinha planos de comandar a Câmara a partir de 2025, esses planos terão que ser revistos. Em Janaúba, o Legislativo promete ser um protagonista independente, atento às necessidades da população e distante das amarras políticas que por tanto tempo moldaram a relação entre os poderes.