6 de junho, 2025

Atualmente, 86 municípios do Norte de Minas estão sob decreto estadual de situação de emergência em decorrência da seca - Foto: AMAMS

Nesta segunda-feira, 2 de junho, a Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), sediada em Montes Claros, foi palco do lançamento oficial do Plano de Enfrentamento à Seca para 2025. A apresentação foi realizada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG). A iniciativa integra também o Programa Encontro das Águas, que busca promover a segurança hídrica e garantir a sustentabilidade produtiva nas comunidades do semiárido mineiro.

Atualmente, 86 municípios do Norte de Minas estão sob decreto estadual de situação de emergência em decorrência da seca. O decreto único, datado de 12 de maio, foi encaminhado ao Governo Federal e aguarda reconhecimento oficial. A medida é fundamental para que os municípios possam acessar recursos emergenciais, essenciais no enfrentamento das consequências da estiagem prolongada.

O presidente da Amams, Ronaldo Soares Mota Dias, que também é prefeito de São João da Lagoa, destacou a gravidade da situação. Segundo ele, a região vive um período de “seca verde”, quando, apesar da presença de vegetação, há sérias dificuldades no abastecimento de água para as comunidades rurais. Além disso, os produtores ainda não conseguiram renegociar suas dívidas, o que os impede de acessar novos financiamentos para a próxima safra, referente ao ciclo 2025/2026.

Programação destaca ações estratégicas

A programação do evento teve início com a apresentação do Programa Encontro das Águas – Projetos e Resiliência Hídrica, realizada pelo coronel Paulo Rezende, coordenador estadual de Defesa Civil. Ele destacou as ações de médio e longo prazo que visam fortalecer a capacidade das comunidades de conviver com a escassez hídrica, apostando na resiliência e na gestão eficiente dos recursos.

Em seguida, o capitão Jaksom Ferreira, da Superintendência de Planejamento, apresentou o Plano Estadual de Enfrentamento à Seca e Estiagem de Minas Gerais, que estabelece diretrizes para o período de 2025 a 2031. O plano contempla ações integradas nas áreas de gestão de recursos hídricos, assistência técnica, infraestrutura e fortalecimento institucional.

A especialista em mudanças climáticas e redução do risco de desastres, Naiara Nunes, trouxe uma perspectiva humanitária à discussão, abordando o tema “Resposta a desastres e alojamento emergencial centrados em crianças e adolescentes”. Ela ressaltou a importância de políticas públicas que garantam a proteção dos grupos mais vulneráveis durante situações de emergência.

Após um breve intervalo, Carlos Romualdo, da Invest Minas, apresentou o painel “Programa Encontro das Águas – Um vetor de desenvolvimento econômico no semiárido mineiro”. Romualdo destacou como o programa, além de promover segurança hídrica, também pode impulsionar oportunidades de negócios, emprego e renda na região.

Encerrando a programação, o major Rodrigo Alencar, também da Superintendência de Planejamento, mediou uma mesa-redonda sobre a “Articulação da Frente Parlamentar de Defesa Civil no Enfrentamento à Escassez Hídrica em Minas Gerais”. O debate reforçou a necessidade de articulação entre governo, parlamentares, municípios e sociedade civil para enfrentar os desafios impostos pela seca.

Enfrentamento coletivo e estratégico

O evento na Amams reforçou a urgência de ações integradas e estratégicas para mitigar os impactos da estiagem no semiárido mineiro. A mobilização da Defesa Civil Militar, órgãos estaduais e municipais, bem como de especialistas e representantes da sociedade, é vista como um passo decisivo para garantir a segurança hídrica e a sustentabilidade das comunidades mais afetadas.

Com a previsão de agravamento dos eventos climáticos extremos nos próximos anos, a implementação do Plano de Enfrentamento à Seca e do Programa Encontro das Águas surge como uma resposta concreta e necessária aos desafios impostos pela crise hídrica no Norte de Minas.

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