No Dia Nacional de Combate ao Câncer, um estudo divulgado pela Fundação do Câncer reforçou o impacto devastador do tabagismo na saúde dos brasileiros. Intitulado Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão, o levantamento revela que mais da metade dos pacientes diagnosticados com cânceres associados ao tabaco não sobrevive à doença. Em alguns casos, como o câncer de esôfago, a letalidade ultrapassa 80%.
A pesquisa analisou a incidência, mortalidade e letalidade de sete tipos de câncer relacionados ao uso de produtos derivados do tabaco, incluindo cânceres de cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga. O cigarro segue sendo um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento desses cânceres, assim como para mortes evitáveis no Brasil.
Cânceres tabaco-relacionados: números alarmantes
Segundo o coordenador do estudo, Alfredo Scaff, o objetivo é conscientizar a população sobre a abrangência dos danos causados pelo tabagismo. “Embora o câncer de pulmão seja o mais associado ao cigarro, ele não é o único. Identificamos sete tipos de câncer com forte correlação com o tabaco, todos com alta mortalidade e letalidade”, afirmou Scaff em entrevista à Agência Brasil.
Entre os principais dados do estudo:
- Câncer de esôfago: letalidade acima de 80% na maioria das regiões, chegando a 98% entre os homens no Sudeste.
- Câncer de estômago: letalidade de 71%, com pico de 83% na Região Norte.
- Câncer de laringe: letalidade de 65% em homens, podendo variar de 48% a 88% entre mulheres nas diferentes regiões.
- Câncer de cólon e reto: letalidade de 48% entre homens e 45% entre mulheres.
- Câncer de colo do útero: letalidade de 42%, agravada pela contribuição do tabagismo na diminuição da imunidade local, favorecendo infecções como HPV.
No total, os cânceres tabaco-relacionados representaram 26,5% das mortes por câncer em 2022 e 17,2% dos novos diagnósticos estimados para 2024, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O papel do tabaco no desenvolvimento de cânceres
O tabagismo afeta células epiteliais que recobrem superfícies internas do corpo, tornando-as mais vulneráveis aos efeitos tóxicos da nicotina e outras substâncias químicas. “O cigarro é um potente causador de danos celulares, que podem evoluir para o câncer em órgãos como boca, esôfago e até colo do útero, onde reduz a imunidade local”, explicou Scaff.
O estudo também destaca a dificuldade no diagnóstico precoce e no tratamento dos cânceres analisados, o que contribui para a alta letalidade.
Alerta e prevenção
Os dados reforçam a necessidade de intensificar campanhas de prevenção e combate ao tabagismo, incluindo ações de educação, regulamentação do mercado de cigarros e incentivo a programas de cessação. Além disso, medidas como vacinação contra o HPV e exames preventivos para câncer de colo do útero são cruciais para reduzir as taxas de mortalidade.
“É importante lembrar que o tabagismo não é a única causa desses cânceres, mas é um fator de risco muito significativo, que podemos evitar. Cada passo para reduzir o consumo de tabaco é um avanço na luta contra o câncer”, concluiu Scaff.
A pesquisa é mais um alerta sobre os impactos do cigarro na saúde pública e um convite à reflexão sobre o papel da sociedade em mitigar essa tragédia evitável.
*Com informações de Agência Brasil