
"Ainda Estou Aqui" narra a trajetória de Eunice Paiva durante o regime militar no Brasil - Foto: Divulgação
A 97ª edição do Oscar, realizada em 2 de março de 2025, trouxe momentos de celebração e reflexão para o cinema brasileiro. O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, fez história ao conquistar o prêmio de Melhor Filme Internacional, tornando-se o primeiro longa brasileiro a alcançar tal feito. Entretanto, a derrota de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz levanta questões sobre os critérios da Academia e possíveis influências políticas nas escolhas dos vencedores.
“Ainda Estou Aqui” narra a trajetória de Eunice Paiva durante o regime militar no Brasil, oferecendo uma visão profunda e crítica de um período conturbado da história nacional. A atuação de Fernanda Torres, que interpretou Eunice, foi amplamente elogiada pela crítica internacional, sendo considerada por muitos como digna do Oscar. Porém, o prêmio de Melhor Atriz foi concedido a Mikey Madison por sua performance em “Anora”, filme que também levou as estatuetas de Melhor Filme e Melhor Diretor para Sean Baker.
A vitória de “Anora” em múltiplas categorias principais, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz, levanta debates sobre a tendência da Academia em privilegiar produções da indústria americana em detrimento de obras estrangeiras que oferecem perspectivas inovadoras e críticas. Embora “Anora” tenha sido aclamado, é válido questionar se a decisão não reflete um conservadorismo por parte dos votantes, que optam por narrativas mais alinhadas com os padrões hollywoodianos.
A derrota de Fernanda Torres pode ser vista sob essa ótica. Sua atuação em “Ainda Estou Aqui” não apenas trouxe à tona uma personagem complexa, mas também destacou aspectos políticos e sociais relevantes. A escolha por Madison, embora talentosa, pode indicar uma preferência por performances que não desafiam o status quo ou que se encaixam em moldes já estabelecidos pela indústria cinematográfica americana.
É essencial que a Academia reflita sobre seus critérios de avaliação e considere a diversidade de narrativas e perspectivas que o cinema mundial oferece. Premiar filmes e atuações que desafiam, provocam e trazem novas visões é fundamental para a evolução da sétima arte. A vitória de “Ainda Estou Aqui” como Melhor Filme Internacional é um passo significativo, mas a ausência de reconhecimento para Fernanda Torres evidencia que ainda há um caminho a ser percorrido para uma valorização mais equitativa e menos politizada no Oscar.
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Felipe Kalel