Em 2021, instituição retomará projeto Natal Reciclado com ações que já estão valorizando e dando oportunidade de renda para famílias carentes
Com a iniciativa ‘Gente não é sucata’, o Instituto Laborearte alcançou o seu segundo certificado de Tecnologia Social, reconhecendo os trabalhos realizados em prol do social em Montes Claros, nas categorias Meio Ambiente e Renda. O projeto segue os moldes de ação que norteiam o Laborearte desde a sua criação, promovendo a geração de renda com desenvolvimento pessoal através da transformação do lixo em arte, com foco no protagonismo juvenil e das mulheres.
“Estamos sempre em busca de projetos e ações que gerem impacto social, se auto sustentem e façam a comunidade despertar para o empreendedorismo. Adotamos a metodologia do cuidado com o meio ambiente e a arte como fator de encantamento para transformação pessoal e social”, destaca Adriene Tupinambá, criadora do projeto.
O certificado, de iniciativa da Fundação Banco do Brasil, é um dos mais importantes do país, sendo oferecido para entidades que se comprometem com a transformação social através de ações pontuais em prol da comunidade. Criado em 1998, o Laborearte já capacitou diversas pessoas, atuando ao lado de pessoas em situações de vulnerabilidade social, que vivem à margem e sem oportunidades de desenvolver seu potencial criativo e produtivo.
Josiane Cruz, de 36 anos, é mãe de cinco filhos. Muito ativa, ela busca sempre encontrar alternativas para manter o sustento da casa e ajudar toda a família. Durante muitos anos ela trabalhou como faxineira, mas as contas no fim do mês sempre apertavam. Foi quando ela descobriu que poderia aumentar a renda através do artesanato e reciclagem. Ela buscou o Laborearte para se capacitar e logo tornou-se uma grande parceira. “É muito gratificante. Primeiro pelo trabalho. Você pensar que está ajudando um catador, transformando o lixo em arte, trazendo benefício físico, mental, espiritual e financeiro, e em família, é muito bom”.
E a história dessa grande mãe vai além. O trabalho com o Laborearte ajudou a superar situações difíceis na família. Há cerca de oito meses, a filha mais velha de Josiane passou por um processo doloroso de depressão profunda. Então ela encontrou no projeto Natal Reciclado uma terapia e ajuda. Mãe e filhos ajudam na fabricação dos Fios da Esperança, feitos de pets recicláveis, com 6 metros cada, e que vão fazer parte das ações do Laborearte neste ano.
A iniciativa gera renda para catadores de recicláveis e para famílias que atuam na mão de obra, já que as pets são adquiridas por um preço melhor do que o mercado comum e a mão de obra para o artesanato é capacitada e valorizada. “Tive que parar minha vida e meu trabalho para ficar com minha filha. Pedi a Adriene alguns fios para poder ajudar ela financeiramente e emocionalmente. Pegamos os fios para fazer, de início minha filha e eu, e essa terapia ajudou ela. Hoje todos da família ajudam na produção”.
Natal 365 dias
As diversas iniciativas reverberam diretamente no coletivo, transformando significativamente os espaços urbanos e levando a arte através do desenvolvimento sustentável. Entre as ações que estão diretamente vinculadas ao ‘Gente não é sucata’, está a valorização dessa mão de obra, capacitada pelo Laborearte, na produção de peças dos projetos do próprio Instituto, como o Natal Reciclado, que em 2021 retorna com “nova roupagem e a força social de sempre”, como explica Adriene Tupinambá.
“Este ano será o início de uma grande campanha, uma semente para o Natal o ano inteiro, produzindo, gerando renda e transformação social, envolvendo toda a comunidade nos 365 dias do ano. Adotamos um trecho da Avenida São Judas para lançar este conceito, de desenvolvimento social com empreendedorismo, criando uma tradição. Estamos com grandes parceiros, entre eles a Prefeitura Municipal de Montes Claros, empresas e instituições da cidade, como a ACI. São muitas perspectivas positivas para o retorno do projeto”.
A expectativa é que a inauguração do trecho na Avenida São Judas, que receberá o Natal Semente deste ano, ocorra no dia 13 de outubro.
Como participar?
Em busca de ampliar o alcance das iniciativas, o Laborearte criou maneiras participativas para que mais pessoas possam integrar essa grande rede de sustentabilidade e promoção social/pessoal. Neste ano, empresas e pessoas físicas podem apadrinhar a produção realizada pelos alunos, através dos Fios da Esperança ou da Estrela de Natal, produtos sociais desenvolvidos pela instituição como metodologia de transformação criativa.
A ACI foi uma das primeiras entidades a apoiar a iniciativa, apadrinhando 50 Fios da Esperança. Deste total, os primeiros 10 fios serão produzidos por mães de alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Montes Claros. Nesta semana, a equipe Laborearte esteve na entidade para ajustar os detalhes para os trabalhos de geração de renda para as mães.
Ajude, participe dessa revolução
Empresas e pessoas físicas estão convidadas a conhecer mais sobre a iniciativa, apadrinhando famílias que estão produzindo os fios da esperança. Cada padrinho vai receber um certificado especial e um selo. Para facilitar a participação de todos, foi criado um PIX, com chave de acesso pelo e-mail: laborearte@gmail.com.
“A gente só se transforma sob alguns fatores e vivenciamos com a pandemia vários deles, onde todos precisaram se adequar de alguma forma. Está faltando agora um pouco de emoção, para causar uma transformação pessoal e social efetiva nesta retomada. Queremos contribuir para a ressignificação de momentos tão desafiadores que vivemos e ainda estamos vivendo, levando esperança com oportunidades, de forma inclusiva”, finaliza Adriene.